Prática social: o contexto da ação pedagógica

A prática social é o contexto da ação pedagógica. Sendo a prática social concebida como as relações e interações entre os sujeitos sociais destinatários do trabalho socioeducativo.

Nesse contexto, o trabalho socioeducativo desenvolvido se realiza através da interação com os sujeitos inseridos em suas relações sociais. Tendo sempre como objetivo fomentar a prática sociocultural da consciência e ação coletiva, ambas como vetor de transformações e também como promotora da preservação e realização das individualidades e suas diferenças.

Essa práxis de trabalho socioeducativo, se diferencia do trabalho social centrado na transmissão assistencial e individualizada de conhecimentos e ajustes comportamentais. Trata-se do trabalho social tradicionalmente desenvolvido, que se caracteriza por promover a participação e a organização através de regras seletivas, realização de atividades e capacitação de grupos separados ou formalmente relacionados com a prática social. A centralidade está no indivíduo e não na prática social entre sujeitos. O que geralmente resulta em individualismo competitivo, práticas oportunistas e até mesmo representações burocráticas e autoritárias no processo de auto-organização sociocomunitária.

O indivíduo e o coletivo na prática social

A metodologia considera que o coletivo não é a soma das partes individuais, mas sim a totalidade das individualidades e suas interações, por isso o coletivo sempre é maior do que a soma das partes. Daí que a eficiência do trabalho socioeducativo deve ser verificada na dialética entre o desenvolvimento dos indivíduos e a qualidade das interações que esse desenvolvimento provoca na prática coletiva das relações sociais.

Nessa unidade de interações entre indivíduo e coletivo, a metodologia também considera que não ocorre necessariamente igualdade entre o desenvolvimento do indivíduo e o desenvolvimento do coletivo. Isso porque, indivíduo e coletivo, só se constituem como unidade por serem entidades diferentes. Se fossem iguais não existiria unidade, já que seriam a mesma coisa.

Essa compreensão é fundamental para a eficiência pedagógica do trabalho socioeducativo. Ou seja, a unidade dialética entre indivíduo e coletivoé uma unidade entre estruturas e dinâmicas diferentes que interagem em contradição ou de forma complementar, constituindo-se como desenvolvimento desigual que pode ou não se combinar. Tal combinação é um dos desafios do trabalho socioeducativo.

É nessa relação dialética entre indivíduos e coletivo, mediada por estruturas sociais, que ocorre a reprodução continuada da prática social existente, ou a transmutação dessa própria prática. Por isso a metodologia Práxis Pedagógica centra o trabalho socioeducativo na prática social dos indivíduos, ou seja, nos indivíduos enquanto sujeitos em relações sociais. Isso porque é na prática das relações sociais que o indivíduo deve subjetivar e objetivar o trabalho socioeducativo desenvolvido.

Assim será possível colocar o trabalho socioeducativo a serviço da emancipação das relações sociais. Através do desenvolvimento desigual e combinado entre o indivíduo e o coletivo, entre conservações e transformações socioculturais demandadas. É a educação como processo intencional propositivo de intervenção social. Em contraposição ao trabalho social tecnicista, assistencialista e controlador, tradicionalmente desenvolvido.

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